por: diego el khouri
meu coração é um espantalho. anjo envolto em fezes. sangue coalhado, decrépito. acordei meio dia na noite xamânica dos sem-teto. é tudo merda. placas tectônicas do tédio. a torneira pinga. copos se espatifam na sala. um gato preto e branco me olha de soslaio. eu sei bem o que esse filho da puta quer. uma ração cara, um novelo qualquer e um lugar novo e propício pra cagar. no future. no love. no money. a decadência chupou meu saco, me envolveu os dias, trouxe um tumor embrulhado de presente e colou irremediavelmente em meu peito esse estigma de maldito poeta . rasgo a roupa e esse brinquedinho continua lá. uns tapinhas nas costas. um comentário efusivo aqui e acolá. um certificadosinho vagabundo parabenizando o engajamento cultural. algum sorrisinho escroto com áurea angelical. aperto de mão. beijinho no rosto. afago e carinho. no resto do tempo: deitar tranquilinho no trilho enquanto o trem esmaga diariamente os rins, deitar numa cama de prego ao som de stravinsky, abraçar choques elétricos enquanto qualquer otário ególatra ri . o coração já está numa bandeja rodeado de moscas varejeiras.. e antes a decadência que era um tanto bonita e elegante hoje veste sua legítima roupa de abismo, dor e solidão.
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